Dr. Marcos Prado, no consultório da Diagnose.
Publicado por Infonet - Blog Lúcio Prado - 23/10/2012.
Salve, Comandante Marcos Prado
Descansa em paz, Comandante! Deixa que teu exemplo comande.
[...] Peço-te insistentemente, Lucílio: façamos com que a
nossa vida, à semelhança dos materiais preciosos, valha pouco pelo espaço que
ocupa, e muito pelo peso que tem. Avaliemo-la pelos nossos atos, não pelo tempo
que dura. Queres saber qual a diferença entre um homem enérgico, que despreza a
fortuna, cumpre todos os deveres inerentes à vida humana e assim se alça ao seu
supremo bem, e um outro por quem
simplesmente passam numerosos anos? O primeiro continua a existir depois da
morte, o outro já estava morto antes de morrer! Louvemos, portanto, e incluamos
entre os afortunados o homem que soube usar com proveito o tempo, mesmo exíguo,
que viveu. Contemplou a verdadeira luz; não foi um como tantos outros; não só
viveu, como o fez com vigor.
Séneca, em 'Cartas a Lucílio'
Séneca, em 'Cartas a Lucílio'
Discorrer sobre a
vida de uma personalidade notável como Marcos Aurélio Prado Dias, sem omitir ou
exagerar as características que a compõe, não é tarefa fácil. Mais ainda quando se é irmão. Diz Agenor
Porto que "cada objeto se projeta influenciado pela luz que o desenha. O
meio o aclara ou sombreia. Nunca as linhas são as mesmas”.
Não houve planície
na vida de Marcos. Nela, tudo foi esforço, dedicação, luta e estoicismo, sempre
com a cabeça erguida e o olhar firme, mas com generosidade, lealdade e
solidariedade, traços mais marcantes de sua personalidade. Os cargos que
exerceu e as funções que desempenhou, chegaram-lhe por méritos pessoais.
Primeiro filho de
Antonio Conde Dias e de Natália Prado Dias, Marcos nasceu em Aracaju em 18 de
outubro de 1944. Fez o ensino fundamental no Grupo Escolar Felisbelo Freire, em
Itaporanga d’Ajuda. Depois, ainda jovem, veio para Aracaju onde manteve internato
no Instituto Santo Antonio e depois no Colégio Jackson Figueiredo. Fez o antigo
científico no Atheneu Sergipense. Estudou o primeiro ano médico em Maceió
retornando no ano seguinte para Aracaju, formando-se na quarta turma da
Faculdade de Medicina de Sergipe, em 1969.
A medicina foi o
eixo norteador da sua vida. Medicina como profissão, mas teve o magistério como
primeira fonte de subsistência, a educação presente como professor e depois
como gestor, que por duas ocasiões, à frente da Secretaria de Estado da
Educação, soube honrá-la e dignificá-la.
Iniciou suas
atividades profissionais no Hospital Santa Isabel como cirurgião geral e
plantonista do Pronto-Socorro do Hospital de Cirurgia, permanecendo nesta
unidade até 1974. A decisão pela coloproctologia veio no final dos anos 70,
após fazer curso integrado de cirurgia e gastroenterologia no Hospital dos
Servidores do Estado de São Paulo, sob a coordenação da Professora Angelita
Habr Gama, Fábio Goffi e Vicente Amato Neto, dos quais se tornou grande amigo.
Sim, por onde passava, Marcos sempre deixava amigos.
Em 1973 foi
aprovado em Concurso de Títulos para Oficial Médico promovido pela Polícia
Militar de Sergipe e Hospital da mesma corporação. Em 1975, recebeu o Título de
Especialista em coloproctologia, outorgado pela Sociedade Brasileira de
Coloproctologia e Associação Médica Brasileira. Atuou como membro do Conselho
Federal de Medicina, do qual foi conselheiro e secretário, de 1978 a 1988.
Através convênio da UFS com a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, fez
Curso de Especialização e Aperfeiçoamento em Cirurgia, no seu módulo abdominal,
nos anos de 1981-1982. Foi vice-presidente da Somese de 1985 a 1989 e presidiu
o Clube dos Médicos, onde teve uma brilhante e profícua gestão.
Uma faceta típica
de nosso enfocado foi a sua predisposição em ajudar os colegas que lutavam por
uma oportunidade de crescimento; talvez por recordar das dificuldades que
passou durante a sua formação, abriu seu coração para os futuros médicos. Pelas
suas mãos, galgaram degraus na vida os irmãos Roberto e Genival Ferreira,
Sérgio Lopes, o futuro ortopedista José Alves Nascimento, João Cassimiro,
Manoel Marcos e José Luiz Sandes. Mas ele não ficava somente na colaboração
formal, protocolar, mas abria as portas de sua casa e o convívio de sua família
para que essas pessoas tivessem o amplo apoio, a amizade e a fraternidade.
Como médico
engajado nas ações de saúde, coordenou o Setor de Perícias Médicas do INPS de
1974 a 1980. Dirigiu o Centro de Aperfeiçoamento das Equipes de Saúde do INAMPS
– CEAPES, de 1981 a 1982 e o Posto de Assistência Médica da Rua de Geru – o PAM
432, de 1985 a 1986. Atuou em todos os hospitais da cidade, mas foi no Hospital
Santa Isabel, no qual foi admitido ainda como estudante estagiário por concurso
na gestão de Gileno Lima, na década de 60, que fez a sua história ao lado de
consagrados cirurgiões como Adelmar Reis, Moacir Freitas, José Augusto Bezerra,
Francisco Rollemberg, entre outros.
Em 1991 fundou a
Sociedade Sergipana de Coloproctologia, sendo seu primeiro presidente. No ano
seguinte, assumiu a presidência da Sociedade Norte Nordeste de Coloproctologia.
Mais tarde se tornou Mestre do Capítulo Sergipano do Colégio Brasileiro de
Cirurgião. Presidiu ainda a Sociedade
Brasileira de Médicos Escritores- Secção Sergipe e manteve até a sua morte o
atendimento regular na Clinica Diagnose.
Teve importante
participação na imprensa sergipana, publicando artigos nos jornais "Diário
de Aracaju", "Gazeta de Sergipe", "Jornal da Cidade" e
"Correio da Manhã". Criou os suplementos semanais “Conheça Melhor o
seu corpo” publicado nos jornais "A Estância" e "A
Cruzada". Juntos, fundamos o suplemento "PRESCREVER", publicado
por três anos nas edições dominicais do jornal "Correio de Sergipe".
Coordenou a seção O BISTURI, no "Jornal da SOMESE". Seguia assim os
passos do nosso pai, o jornalista Conde Dias, que por muitos anos foi
colaborador dos principais jornais de Sergipe.
Pronto para servir ao povo de Sergipe, assumiu funções importantes no Governo do Estado: Secretário de Estado da Educação e Presidente da Fundação Hospitalar no governo de Antonio Carlos Valadares. Secretário de Estado da Administração e Presidente do Instituto Parreiras Horta no segundo mandato do engenheiro João Alves Filho e novamente Secretário de Estado da Educação no último governo de João Alves, com breve passagem ainda na presidência da estatal Sergás. Presidiu o Instituto Tancredo Neves em Sergipe desde a sua fundação, transformando a entidade em referência nacional, com vários livros publicados, inúmeros fóruns nacionais realizados, entre outras ações.
Pronto para servir ao povo de Sergipe, assumiu funções importantes no Governo do Estado: Secretário de Estado da Educação e Presidente da Fundação Hospitalar no governo de Antonio Carlos Valadares. Secretário de Estado da Administração e Presidente do Instituto Parreiras Horta no segundo mandato do engenheiro João Alves Filho e novamente Secretário de Estado da Educação no último governo de João Alves, com breve passagem ainda na presidência da estatal Sergás. Presidiu o Instituto Tancredo Neves em Sergipe desde a sua fundação, transformando a entidade em referência nacional, com vários livros publicados, inúmeros fóruns nacionais realizados, entre outras ações.
A Academia
Sergipana de Medicina estava necessitando de pessoas entusiastas, envolvidas e
afinadas, dispostas a sacudi-la e fazê-la manter a situação que conceitualmente
lhe é requerida – a de liderança do pensamento médico aliado ao aprimoramento
cultural. Por isso, admitiu-lhe como membro efetivo em 2006. Na Academia,
Marcos foi um de seus mais entusiasmados participantes.
Poderia buscar
mais realizações e histórias de vida desse ilustre cidadão sergipano, como
músico, compositor (Tema de José), cineasta (A Morte do Templo, “Tô te
ajeitando”, “Pedro, o padre perfeito”), pescador (foi presidente do Clube de
Pesca), professor (do Atheneu e da Faculdade de Medicina), desportista ( no
Confiança foi de médico a presidente, cargo que exerceu por mais de uma
oportunidade), escritor, político e líder de sua geração.
Marcos Prado teve
uma vida intensa, rica, participativa, entusiasmada e realizadora, até a sua
morte. Em 2008, foi acometido de mieloma múltiplo, que o levou a fazer um
transplante autólogo de medula óssea no inicio de 2009, com um bom resultado
final, que lhe propiciou a retomada plena de suas atividades. Em agosto desse
ano, apresentou recidiva do seu mal e dessa vez de uma forma muito agressiva e
danosa, não respondendo ao tratamento e após oito dias de internação, veio a
óbito em 23 de setembro de 2012.
Em vida, Marcos
Prado deu exemplos de honestidade, caráter, ética, espírito público e altivez,
mesmo quando alvo de kafkianas acusações. Foi amigo dos amigos e sempre buscou
atender a todos da mesma forma, com carinho e atenção. Isso explica parte do
magnetismo pessoal potencializado pela avalanche de carinho e solidariedade que
nossa família recebeu nos últimos e dolorosos dias.
Descansa em paz,
Comandante! Deixa agora que teu exemplo e tua lembrança comandem.
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/lucioprado
Foto reproduzida do site: sitedobareta.com.br/
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