Percílio no Parque dos Falcões. Município de Itabaiana/SE. Foto: Sílvio Oliveira
Reproduzida do Facebook/Fan Page/Tô No Mundo.
Publicado por 'Ethos Incorporadora', em 06/11/2013.
Percílio, O Homem Falcão é Cultura!
O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O
bicho, meu Deus, era um homem. (Manuel Bandeira) Entre a natureza e os bichos,
foi assim que José Percílio, o encantador de aves de rapina cresceu e aprendeu
a linguagem de espécies como falcão, carcará, coruja e entre outros. Amigo e
pai de mais 300 aves, consegue identificar cada uma pela batida de suas asas,
pelo som que cada uma produz e ainda chama cada uma pelo nome. A conservação e
preservação da natureza é a sua principal missão, pois desde cedo, fez a
promessa de proteger as aves de rapina com a sua vida.
ETHOS - Quem é o encantador das aves de rapina?
Percílio- Meu nome é José Percílio, sou o fundador do parque
dos falcões. Desde os 7 anos de idade que eu convivo com aves, quando ganhei o
primeiro ovo de falcão, jurando sempre proteger as aves de rapina. E hoje o meu
objetivo e da minha equipe é justamente preservar essas aves. Vivo para elas,
sou feliz, estou com elas ha 29 anos e nunca me afastei. Muitas pessoas ainda
dizem que eu não vivo, por não saio daqui, mas é ai que eu respondo- a minha
vida é aqui, sou Percílio um falcão.
ETHOS - Como foi que surgiu esse amor pelas aves?
Percílio- Essa história é um pouco longa, mas irei resumir
(risos), minha primeira ave, ganhei quando tinha 2 anos de idade, ganhei da
namorada do meu irmão, uma moça da cidade de Itabaiana, SE, chamada Ronalda,
depois ganhei um Bentiví, e minha terceira ave foi Tito, que está com 29 anos e
foi ele quem me ensinou a amar essas aves. As aves de rapina hoje, muitas
pessoas por não ter conhecimento, acham que são assassinas; a coruja por
exemplo, ela orienta, a rasga mortalha é uma ave territorialista, os falcões
eles demarcam território através das vocalizações. Tito ainda me ensinou que se
você dá amor, você recebe amor e para você conhecer um animal, só você vivendo
com ele.
ETHOS- Em relação ao sistema de comunicação que você
desenvolveu com as aves ao longo desses anos, como é feito para reconhecer as
mais de 300 aves de rapina existente aqui no parque?
Percílio- Tudo que eu sei sobre as aves de rapina, foi
convivendo com elas. Quem me ensinou as vocalizações foi Tito, o meu primeiro
falcão. Quando as pessoas chegam no parque o "Psicopata" voa até a
cabeça dos turistas e ele vem me avisar que tem alguém chegando. Então você
pode me perguntar, como é que você sabe? É como um brasileiro que nasce no
Japão, que língua ele vai aprender? Japonês. Eu convivo com eles desde os 7
anos de idade, por isso que eu aprendi a linguagem deles. E a minha comunicação
com elas não é nada de hipnotismo, é uma comunicação de energia, de
convivência.
ETHOS- Qual o principal objetivo do parque ao manter essas
aves de rapina em cativeiro?
Percílio- No Parque dos Falcões, temos mais de 300 aves, e
conheço todas elas pelo nome, temos aves soltas, semi-soltas e presas. As aves
que estão em cativeiro aqui no parque dos falcões, a maioria delas são
deficientes, se nós não aceitarmos, elas serão sacrificadas; são aves, sem
perna, sem asa, por isso que são as únicas aves que não saem. Todas as aves que
nasceram aqui, não têm problemas, elas têm voo para turistas, voo para
exercício, é uma hora de voo para cada uma. Temos 46 aves soltas e 36 semi
soltas, mas todas elas são livres para ir e voltar.
ETHOS- Como foi que começou o trabalho de preservação e
conservação das aves de rapina?
Percílio- Toda vida quem cuidou das aves foi minha mãe, eu
cuidava dessas aves em Areia Branca, SE. E eu vim para cá para fugir da mídia,
mas hoje a mídia me ajuda muito. O parque já fez matéria para o mundo todo,
Portugal, Japão, pela forma de trabalho que temos com as aves de rapina.
ETHOS- Qual a sua relação com as aves no dia-a-dia?
Percílio- Eu moro aqui, e o meu dia-a-dia é o mesmo dia de
sempre. Acordo 5 horas da manhã, coloco Pandora para voar em uma hora de exercício,
dou banho nas aves, e cada uma tem o seu dia de voar, minhas 24 horas é para
cuidar de cada uma delas.
ETHOS- Qual foi a sensação de quando o Sr. Foi informado de
que o seu mais novo filho, o Urubu branco tinha sido roubado?
Percílio- Na verdade eu já estava sentindo que isso iria
acontecer, assim como um pai sente quando o seu filho está em perigo. Eu estava
viajando, dando um curso na região sul, e ao chegar num sábado, recebi a visita de dois estudiosos que logo quando
eu os vi, não fui com a cara deles. O Psicopata já começou a bater neles, eu já
sabia o que iria acontecer, mas meu amigo Eduardo, disse que eles eram gente
boa e que poderia confiar, pois um fazia Medicina Veterinária e o outro
Biologia. No dia seguinte chamei-os para tomar café e percebi que eles estavam
olhando muito para o meu falcão de 26 anos e depois começaram a olhar muito
para o Urubu Branco. Fui dormir um dia na casa da minha mãe, e quando voltei,
eles já tinham roubado Lora e três falcões e o Urubu Rei. Fomos a polícia prestar
queixa e comunicamos a polícia rodoviária. As emissoras de Tv Globo e Record
noticiaram no dia seguinte, e os estudiosos por medo, acabaram matando o Urubu
Branco.
ETHOS- Qual tem sido o papel do IBAMA na defesa e na
proteção das aves?
Percílio- O IBAMA é um parceiro nosso, tanto ele quando a
polícia ambiental, quando o corpo de bombeiro. O pessoal da ambiental sempre
estão aqui como vigilantes. Graças a Deus o povo de Sergipe hoje respeita o
parque dos falcões. Depois do roubo do Urubu, as pessoas estão se
conscientizando mais, e ninguém nunca mais roubou nada, foi a primeira e última
vez.
ETHOS- O que o parque representa em sua vida?
Percílio- O parque é minha vida. Eu vivo para ele e sou
feliz. Hoje graças a Deus e a mídia, temos desenvolvido um bom trabalho. Eu
recebia de 20 a 30 aves deficientes, e por ano eu não recebo mais isso- as
pessoas estão aprendendo a amar e respeitar. Se cada ser humano tirasse uma
hora ou meia para proteger a natureza, iremos ter um Brasil e um mundo melhor.
Texto reproduzido do site: ethosincorporadora.com.br
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