Foto reproduzida do postagem feita por Pascoal Maynard, na página do Facebook/MTéSERGIPE.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Ismar Barreto, Eliezer e Netinho
Ismar Barretto, seu filho Netinho e no centro o cantor e
compositor alagoano
Eliezer Setton II, grande amigo do nosso Ismar.
Foto e legenda reproduzidas de postagem de Pascoal Maynard,
na página do Facebook/MTéSERGIPE
Santo Souza e sua Poesia
Infonet - Blog Luíz A. Barreto, em 26/01/2012.
Santo Souza e sua Poesia.
Por Luíz Antônio Barreto.
É certo que a poesia tem perdido o encanto e os leitores,
mas sobrevive como um lastro de sentimento e de reflexão, básico à história
humana. Em todas as sociedades a poesia cumpre um papel aglutinador, lúdico,
estético, aparentado com a identidade que os povos conquistam no curso da
história. Pobre ou rica, a sociedade faz da palavra fragmento de versos e com
eles edifica a sensibilidade diante da vida e do mundo que não se explicam em
si mesmos. A regra vale para a terra sergipana, berço de grandes poetas e de outros
literatos, entre os quais ocupa lugar destacado SANTO SOUZA.
Nascido há exatamente 93 anos (o dia do aniversário é 27 de
janeiro), em Riachuelo, fez do cheiro das moendas de açúcar a referência
identificadora do lugar, como exaltou os engenhos com seus nomes poéticos.
Filho de uma mulher que emergiu da escravidão, SANTO SOUZA foi batizado como
José, nos caminhos da vida trocou SANTOS por SANTO e fez do seu nome uma
legenda, pela capacidade que teve de entender o mundo e a vida que há nele.
Poeta, sempre poeta, trabalhou em muitos ofícios, aprendeu a simplicidade da
vida escorrendo pelos fatos e emoções, antes de traçar, com o escopo simbólico
das palavras, o discurso com o qual faz a interpretação das coisas do mundo e
da vida.
O poeta, com sua obra de mestre, bastou-se no manejo das
palavras, desfilando em livros todo o saber que sua reflexão criou. Os livros
do poeta são verdadeiros códigos, onde os velhos segredos e longínquas
mitologias ganham, revelados, a intimidade dos leitores. O poeta negro de Riachuelo
deposita, há várias décadas, nos ouvidos dos sergipanos, a magia que a sua
poesia foi capaz de guardar para as posteridades. Livros e mais livros, órficos
como uma centelha reveladora, ferramenta decodificadora dos prantos vencidos do
passado. SANTO SOUZA é a sua poesia e quase centenário poeta faz da poesia o
seu itinerário, a sua comunicação, a construção de sua própria identidade.
SANTO SOUZA ocupa todas as geografias por onde tem vivido,
mas é universal com sua obra vasta. O molde de um prêmio Nobel de Literatura
lhe cai bem, lhe será justo, e atrelará a geografia da sua história pessoal de
sergipano, universalizado na decodificação de todos os saberes transformados em
versos e estrofes belos. Aliás, por ser resultado de um talento e uma
competência majestosas, a honraria de há muito lhe é devida. E como seria bom
ver Riachuelo enfeitada para a festa, testemunhar o poeta calçando os sapatos
da sua humildade, empetecado para receber uma homenagem que de há muito lhe
pertence. Quem quiser conferir a magnitude da obra santosozeana que abra
qualquer dos seus livros, em qualquer página, e leia em voz alta o que está
escrito. Não há quem não ouça o efeito das palavras rasgando a nossa
ignorância. SANTO SOUZA faz leitura universal das civilizações, mesmo morando
na Rua Rio Grande do Sul, no Bairro Siqueira Campos.
Aos 93 anos, rodeado de filhos, e de outros descendentes, o
poeta celebra a vida longa e imprevista. Suas saudades de Fia, a mãe, de
Mariana, a companheira esbarram na alegria dos sobreviventes, náufragos como
ele, na solidão das ausências. Dia de festa para o poeta, risos e abraços,
versos libertos pelos cômodos da casa, amigos e admiradores trocando visões de
críticos, enquanto uma pequena e velha biblioteca guarda os saberes do mundo, e
guarda a ideia emocionada do poeta com seus livros. Os sergipanos, irmãos de
penúria e de angústia, que sobreviveram equilibrados na linha do tempo, também
estão em festa, porque o poeta não se pertence, não é da casa nem da família,
mas sendo de tudo um pouco, ele é um mago com suas palavras penetrantes,
reveladoras, lindas como os arco de cores que se formam e se dissipam no transe
emocionante da beleza. Do alto do pedestal de sua obra mística, SANTO SOUZA é
porta-voz de sofrimentos e angústias, desconfianças e suspeitas, tendo em seu
favor a oficina das palavras, moldadas na observação, fundidas no calor das
crenças, como armas penetrantes que tomam a reflexão e agasalham a
sobrevivência.
Foto e texto reproduzidos do site:
infonet.com.br/luisantoniobarreto
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 20 de fevereiro de 2014.
As Memórias de um Oitentão [2008]
Na foto, Murilo Mellins na cadeira do engraxate Caio Francisco Matos, um dos seus personagens.
Infonet - Blogs Luíz A. Barreto, em 11/12/2008
As Memórias de um Oitentão [2008]
Por Luíz Antônio Barreto.
No dia 22 de outubro Murilo Mellins fez aniversário,
completou 80 anos [2008]. Andando pelas ruas de Aracaju, desfilando os seus
cabelos brancos, o memorialista, originário do interior, filho de Mário
Mellins, que dentre outras coisas foi Intendente de Neópolis (antiga Vila Nova)
parece fazer parte da paisagem humana de um modo especial, como guardião de
velhas lembranças de ruas, festas, figuras populares, e de aspectos e fatos que
marcaram a vida provinciana da capital sergipana. Murilo Mellins tem com
Aracaju uma intimidade cumpliciada, como poucos, e ambos, o escritor e a
cidade, guardando de cada um muitos segredos.
Homem nascido em bom berço, trabalhador em várias funções no
Correio, na Prefeitura, noutros lugares, Murilo Mellins amealhou, contudo, um
outro tipo de capital, o lúdico, que gasta parte dele nas edições que faz do
seu Aracaju romântica que vi e vivi, que teve 3ª edição em 2007, graças ao
patrocínio cultural do SEBRAE, do BANESE e da UNIT. A própria evolução do
livro, com novos assuntos e muitas outras fotografias, é suficiente para
atestar o quanto o autor tem a dizer e o quanto acumula de imagens com as quais
encheu sempre as suas retinas, que a velhice não destrói.
Murilo Mellins concorre com grandes cronistas das décadas de
1940 e 1950, que mais parecem uma belle epoque retardatária na cidade de Inácio
Barbosa. Garcia Moreno e Mário Cabral, e mais recentemente Lauro Fontes, que
morreu na Bahia, neste ano de 2008, na fixação do cotidiano, de algum modo
surpreendente, de uma capital cuja qualidade mais conhecida no País é a de ser
pequena, como o Estado. O Brasil não conhece os domínios da sua própria
federação e não tem intimidade além do alcance próprio do olhar. O Brasil sabe
pouco dos brasileiros e não celebra com eles a festa da vida situada, no
contato natural e cultural que mais e mais se integram.
Sergipe também não fica longe. Muitos fatos de sua história
são deixados na masmorra do esquecimento, acondicionados em velhos papéis,
frágeis jornais, ou na memória pessoal e social dos mais velhos, onde um mundo
literário ágrafe ganha relevo, quando feita a interface com o cabedal imaterial
do velho mundo. A conquista de Sergipe, feita pelas armas dos soldados de
Cristóvão de Barros, em nome do escudo monárquico da Espanha, e que encobre a
resistência indígena, não inspira pesquisas, as lendárias minas de prata de
Itabaiana, que ouriçaram o imaginário dos europeus, não apetecem sequer a mera
curiosidade dos serranos, a presença jesuítica, carmelita, franciscana, com
seus tesouros de arquitetura, de arte e de prédicas, foi igualmente reduzida a
poucos alinhavos, as divisões do território, alocados em Freguesias, jamais
serviram de objeto de estudos esclarecedores, a evolução de cada povoação,
vilas, cidades, regiões, continuam carecendo de interpretações econômicas,
demográficas, sociais e culturais. Isto é apenas um pouco, quase nada do débito
no campo da historiografia.
Nas décadas de 1940 e 1950, que são da especialidade de Murilo
Mellins, outros fatos marcaram Aracaju, como a presença de Gilberto Freyre, em
1940, à frente de um grupo de cientistas da saúde pública e mental, ou os
torpedeamentos dos navios mercantes, pelo submarino U-507 alemão, em agosto de
1942, as lutas democráticas de 1945,o assassinato do operário Anízio Dário, em
1947, a morte, trucidado na praça Fausto Cardoso, de Lídio Paixão, o crime da
rua de Campos, que ceifou a vida de Carlos Firpo, o crime perpetrado por La
Conga, que tirou a vida do menino Carlos Werneck, o fim dos bondes, o desmonte
do Morro do Bonfim, e isto é tão somente um pedaço ínfimo de um inventário de
muitos e muitos fatos, que estão empoeirados pela falta de interesse em
estudá-los. O papel de Murilo Mellins na crônica da cidade do Aracaju é
inigualável, pela oportunidade das abordagens, variedade temática, e precisão
informativa.
Aos 80 anos, Murilo Mellins é credor de um trabalho
incansável que faz como curador de memórias aracajuanas. E, fagueiro como os
jovens, já prepara livro novo, com fatos curiosos, diferenciados, que nutriram
o noticiário dos jornais, os programas de rádio e muito especialmente ficaram
alojados nos guardados do povo. Que Murilo Mellins seja louvado como anjo da
guarda do memorialismo aracajuano e que a cidade, pelas suas elites dirigentes,
culturais, empresariais saibam ser dignas do esforço que ele empreende, em
favor de um saber simples, mas ao mesmo tempo especial, como fonte onde são
identificadas as lembranças que tanto animam a vida.
Foto e texto reproduzidos do site:
infonet.com.br/luisantoniobarreto
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 20 de fevereiro de 2014.
Walmir Almeida: o cinegrafista da cidade
Publicado pelo Jornal da Cidade.Net, em 14/05/2012.
JC 2011 - Osmário - Memórias de SE.
Walmir Almeida: o cinegrafista da cidade.
Por Osmário Santos.
Mestre nas lentes atuou na reportagem fotográfica, servindo
a vários governos, montando um acervo de mais de 10 mil fotos que documentavam
os mais importantes lances políticos de Sergipe a partir do governo Leandro
Maciel. Indignado pela falta de apoio para a necessária conservação do
importante patrimônio para a memória do Estado de Sergipe, pegou uma Kombi,
jogou dentro todos os negativos e na proximidade do Aeroclube de Aracaju tocou
fogo em tudo, afirmando que foi o fogo mais bonito que viu em sua vida.
Cinegrafista projetou Sergipe através de documentários que
eram projetados nos jornais cinematográficos nos cinemas do Brasil através da
empresa cinematográfica Atlântica. Foi o pioneiro em cine jornal em Sergipe e
um dos seus trabalhos agradou tanto ao presidente João Goulart, que resolveu
convidá-lo para participar de sua comitiva a uma visita que faria ao Chile e
Uruguai. Como o seu acervo cinematográfico esfriou a cabeça e fez doação do
Cine Clube da Cidade.
Um completo atleta e a grande prova é a conquista de muitas
medalhas jogando futebol e praticando ciclismo. Foi um dos pioneiros no esporte
da vela e um dos fundadores do Iate Clube de Aracaju. No ar é o piloto de maior
números de horas de voos que continua em ativa em Aracaju. Um piloto que já fez
muitas acrobacias sem assustar a própria família, já que seus dois filhos e a
mulher também pilotam.
Filho de Riachão
Walmir Lopes de Almeida nasceu no dia 26 de maio de 1930, na
cidade de Riachão do Dantas, sendo filho de Francisco Lopes de Almeida e Maria
França Almeida. Tudo que faz na vida é fruto das normas de conduta passada com
muito rigor pelo seu pai. “Um homem íntegro, organizado, bom de conselho e
amigo dos filhos”.
No Grupo Manuel Luiz, na cidade de Aracaju, com a professora
Psidônia, passou a conhecer as letras, sempre acompanhado pele olhar firme de
dona Carlota, diretora do grupo, que não descuidava de nenhum dos seus alunos.
Uma pessoa que foi muito importante na sua vida. “Dona Carlota me marcou muito
e por ela tenho uma grande atenção”. Um aluno que saía bem dos deveres e pelo
esforço na aprendizagem conseguia escapar da corretiva régua nas mãos, dada
pelos professores da época.
Trocou Revistas
Quando fazia o curso primário no Grupo Manuel Luiz, morava
numa casa em frente ao Cinema Guarany, que funcionava na esquina da Rua
Estância com a Av. Pedro Calazans. Um cinema onde tudo era possível acontecer.
O proprietário do cinema era o senhor Augusto Luz, com quem Walmir mantinha um
bom relacionamento. O menino Walmir só não fazia o papel de bilheteiro, mas não
perdia um filme e ainda mais munido com um enorme pacote de revistas de
quadrinhos para troca que funcionava nos momentos preliminares da sessão, no
meio do filme quando havia um intervalo na projeção para troca de carretel e no
final, quando tudo era válido em termo de troca e grana, como fim de feira.
Com 13 anos passou a trabalhar para ajudar nas despesas da
casa. Passou a estudar pela noite deixando o dia para o emprego que conseguiu
com o cunhado João Pinheiro de Carvalho, fotógrafo conhecido na cidade que,
além de ter o seu estúdio, era o fotógrafo oficial do Governo de Sergipe. O
estúdio funcionava na Rua João Pessoa, e não faltava o tradicional cavalinho
que os fotógrafos da época usavam para as fotos infantis.
Repórter Fotográfico
Walmir revela que o cunhado João Pinheiro foi um dos
primeiros repórteres fotográficos de Sergipe, tendo aprendido com ele
laboratório e todos os detalhes da arte fotográfica, tendo aprendido, também,
muita coisa de trabalho de repórter fotográfico. Lições tão bem aproveitadas,
que Walmir ocupou a vaga do João Pinheiro no Palácio, quando ele resolveu morar
em Brasília, na época da inauguração da capital do país.
O primeiro contado com a máquina fotográfica aconteceu no
estúdio com aquela máquina profissional, tipo caixão que trabalhava com tripé.
Chegou a trabalhar com a máquina fotográfica caixão e com magnésio. “Não tinha
o flash eletrônico e íamos para a igreja numa cobertura de casamento com aquela
máquina enorme. Tirava-se geralmente só uma fotografia dos noivos e outra,
dependo do casamento, e do noivo com os pais”. Criança que tirava fotografia
com magnésio, nunca mais queira saber de tirar foto, devido ao susto que
levava. Dava aquele estouro, um clarão enorme e cobria o ambiente todo de
fumaça. O cunhado na máquina e Walmir segurando e se preparando para o estrondo
e receber banho de fumaça.
As fotos de casamento eram tiradas dentro da igreja sem
maiores problemas, tendo até padres que faziam questão de aparecer junto com os
noivos. “Ficava a casa cheia de fumaça. Certa feita, num casamento em Estância,
por descuido, o magnésio ficou na bandeira da janela. Quando chegou a hora da
fotografia, com a explosão, os vidros das janelas não resistiram e partiram
para todos os lados, provocando uma correria e tanta. Quando foram procurar os
noivos, eles estavam trancados no quarto e dali não saíram mais pra nada”.
Tempo de ginásio
Na rotina da vida, trabalhando e estudando, chegou o tempo
de fazer o ginásio e Walmir passou a estudar no Colégio Tobias Barreto, que era
dirigido pelo professor Alcebíades Melo Vilas Boas. No Tobias conclui o curso
ginasial e secundário.
Prosseguiu os estudos fazendo vestibular para a Faculdade de
Ciências Econômicas de Sergipe, sendo aprovado logo de saída. Não descuidava
dos livros pela noite, já que o dia era dedicado ao trabalho. Assim foi levando
até concluir o curso superior.
Saindo formado economista, entre a loja de discos e um
emprego no antigo Condese, resolveu optar pelo comércio onde está até hoje.
No governo Leandro Maciel passou a trabalhar como
fotográfico do Palácio. Aproveitava os momentos de folga para supervisionar seu
primeiro estabelecimento comercial, que instalou no edifício Mayara, no 3º
andar, na sala 302. Iniciou na área comercial com um pequeno estúdio
fotográfico. Depois, para um espaço maior no Parque Teófilo Dantas,
oportunidade que passou a comercializar discos e artigos fotográficos. Sua loja
circulou por alguns pontos comerciais no Centro de Aracaju: a exemplo da loja
na Rua Itabaianinha e o da Galeria do Hotel Palace até chegar ao ponto
definitivo no Parque, onde continua prestando um bom serviço aos fotógrafos
amadores de Sergipe, sempre com orientações e tirando dúvidas.
Gosta de ensinar fotografia
Sempre gostou de passar seus conhecimentos fotográficos para
outras pessoas. Assim aconteceu com o fotógrafo do JORNAL DA CIDADE, Geraldo
Santos que aprendeu com ele a profissão de tirar retrato quando ainda menino
trabalhava na loja de Walmir.
No palácio foram 16 anos de cobertura fotográfica, servindo
a diversos governos. No governo de José Rollemberg Leite, lembra-se de um
episódio interessante da sua vida de fotógrafo palaciano. “Tinha um certo deputado
que não se dava bem com o governador. Numa certa tarde os deputados foram fazer
uma visita de cortesia ao governador. Ele, apesar de ser da oposição, foi no
meio. Coloquei minha máquina em ação e fotografei o deputado cumprimentando o
governador. Ele fez de tudo para conseguir a fotografia. Me procurou e neguei,
pois a fotografia pertencia ao Palácio. Um belo dia mandou me convidar para
fotografar uma recepção que estava dando em seu sítio. Eu fui como profissional
e, no meio de todo mundo, o deputado me elogiou pelo meu caráter e pela minha
fidelidade ao governador”.
A Metralhadora
Um outro lance de Walmir aconteceu na sua estreia como
cinegrafista. “Tinha comprado uma máquina de filmar e ia inaugurá-la como o
governador. Os fofoqueiros e os mais ignorantes começaram a espalhar que eu
estava com uma metralhadora com a finalidade de matar Leandro Maciel. Napoleão
Dórea passou para o governador o que estava acontecendo e recebeu a seguinte
resposta: A única coisa que Walmir pode me matar é tirando uma fotografia feia
minha”.
Não participa de concurso de fotografia em Aracaju há muito
tempo e guarda uma certa mágoa. “Cheguei a participar em dois concursos, mas
houve uma certa marmelada e nunca mais”.
Conta que João Pinheiro de Carvalho foi o primeiro a utilizar
da máquina de cinema na bitola de 16 ml para uso de reportagens sociais em
Aracaju. Filmava e apresentava o filme mudo. Walmir diz que começou a trabalhar
profissionalmente com cinema em Sergipe nas bitolas de 16 e 35 ml, com som,
sendo o primeiro de cinejornais em Sergipe.
Cinegrafista
Como cinegrafista, seu nome e suas produções foram exibidos
em quase todos os cinemas do Brasil nos jornais cinematográficos. Fundou o Cine
Produções Atalaia, ideia que pintou na época do governo Luiz Garcia, diante do
incentivo e apoio do secretário Junot Silveira. Imagens que foram reproduzidas
não só no Brasil como no exterior. “Fiz um documentário sobre a seca. O filme
foi para Porto Alegre para entrar numa campanha a fim de conseguir donativos
para os flagelados da seca. Foi até assistido no Planalto, pelo presidente João
Goulart, que me convidou para fazer parte da comitiva presidencial em uma
viagem que ele faria ao Chile e ao Uruguai, como prêmio pelo meu trabalho. Fui
e levei meu equipamento. Na volta, desci no Rio de Janeiro, preparei o filme
num laboratório com edição e voz de Cid Moreira, lançando na frente do Canal
1000 e nos demais”.
“O sucesso foi tão grande que logo recebi o convite para
fazer parte da ponte cinematográfica nacional, passando a ser correspondente da
empresa Atlântica Cinematográfica de Severino Ribeiro, um dos maiores
proprietários de cinema e distribuidor de filmes do Brasil”. Conta que alguns
dos seus filmes foram exibidos na Suécia e na Itália.
Como na época não tinha televisão, o Jornal Cinematográfico
passou por uma áurea fase. O público do cinema gostava da parte esportiva
quando aparecia na tela os times do futebol carioca. Em Aracaju quem aparecia
na tela em algum filme preparado pelo Walmir na sua documentação de bailes e
eventos era prato para todas as conversas. Luiz Garcia e Lourival Baptista
souberam aproveitar bem do jornal cinematográfico, mesmo recebendo algumas
vaias nos cinemas de Aracaju.
Acervos
No campo de filmes, seu acervo foi doado ao Clube de Cinema.
Quanto ao seu acervo fotográfico uma triste história para a memória de Sergipe.
“Eu tinha guardado com todo cuidado as negativas de minhas fotos. Tentei em
vários governos a organização de um arquivo e nada consegui. Então, certo dia,
me chateei, peguei tudo, coloquei dentro de uma Kombi, cheguei perto do
Aeroclube e toquei fogo com gasolina. Foi o fogo mais bonito que eu vi em toda
minha vida”.
Aviação
A aviação é uma paixão velha. Desde o tempo de menino,
quando frequentava constantemente o Aeroclube de Sergipe. De tanta aproximação
com os aviões e conversas com pilotos, aos 12 anos voou pela primeira vez de
carona. No ano de 1962, recebia a licença de piloto privado.
Na aviação prestou muitos serviços, fazendo taxi aéreo.
“Tinha um avião ‘Cesna’ que sempre estava pronto para toda e qualquer emergência.
Realizou muitos voos chamados de coqueluche: “É o único remédio realmente bom
para curar uma criança que está com coqueluche”. A gente voa de manhã cedo, vai
até 2.000 pés e resolvido o problema”. Nos conta que tinha um voo da coqueluche
e que era realizado diariamente, como um santo remédio. Como o avião de Walmir
era pequeno, só dava um doente, acompanhado do pai ou da mãe.
Na aviação muita gente doente foi deslocava para Salvador,
através do avião de Walmir numa época que era o único taxi aéreo em disponibilidade
na cidade. Resolveu problemas de políticos e empresários mais comprometidos com
o tempo. É piloto veterano da cidade que continua na ativa, com todas as
condições físicas, pois técnicas nem se fala já que detém o maior número de
voos com 1.200h.
Esporte Náutico
Sócio fundador do Iate Clube de Aracaju, juntamente com
Carlos Morais, Álvaro Bezerra e outros amigos, sempre se reuniam para falar de
esportes náuticos, mesmo antes da fundação do clube. “Álvaro, que é pai de
Thaïs Bezerra, construiu o primeiro snipe em Sergipe. O barco foi construído
direitinho e deu certo. Logo em seguida, eu comprei o primeiro snipe em Porto
Alegre e esse barco veio de avião”.
Um atleta por excelência de fazer inveja a Collor, pois
praticava esporte em terra, mar e ar. Atuou no futebol, no remo, praticou
natação, recebeu vários prêmios pelas conquistas de regatas na categoria snipe
e continua sorrindo lembrando de suas vitórias. “No ciclismo, fazíamos corrida
saindo da Ponte do Imperador até a Ponte da Atalaia. Numa corrida dessas, eu
tinha comprado uma bicicleta famosa, a Hércules e resolvi colocar pra ferver.
Sai em disparada na frente e resolvi dar uma olhada nos demais concorrentes,
bem na frente da Capitania dos Portos. Quando olhei pra trás, percebi que os outros
estavam distantes, me descuidei um pouco, bati num carro, perdi a corrida e a
bicicleta”.
Família
Casou com Carolina Menezes Almeida, no dia 05 de setembro de
1964, e dela possui dois filhos: Walmir Lopes de Almeida Júnior, e Carlos
Eduardo Menezes Almeida. A maior honra de Walmir é dizer que sua mulher e seus
filhos pilotam.
Foto e texto reproduzidos do site: jornaldacidade.net
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 20 de fevereiro de 2014.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Oviedo Teixeira (1910 - 2001)
Estátua de Oviedo Teixeira (1910 - 2001), em Aracaju/SE.
Homenagem ao eterno 'sujeito', que era como ele
se referia a todos, quer conhecesse ou não.
Foto: André Teixeira.
Reproduzida do site: geolocation.ws
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Hoje Luiz Antônio Barreto completaria 70 anos (10.02.2014)
De Tiago Morf Barreto, em 10 de fevereiro/2014.
Hoje Luiz Antônio Barreto completaria 70 anos.
A dor da perda
Nossos Pais descobrem que um ser está para nascer e trazer
as suas vidas um brilho de luz.
A cada sorriso, palavra, olhar ou suspiro, uma cachoeira de
lágrimas parece inundar seus olhos de alegria e paz.
Tornamos-nos adolescentes e a busca pela independência é
cada vez mais clara. A nossa vontade de conquistar espaço nos distância de quem
sempre nos amará, esquecemos a família. Esquecemos de dizer o quanto os amamos.
Mas um dia nossos entes queridos se vão. Quando menos
esperamos e sem nenhum aviso, Deus tira de nós o que mais amamos.
Em nosso peito apenas a dor de um punhal que a cada
"meus pêsames" parece pesar.
Nossos pensamentos divulgam para cada gota de sangue em
nosso corpo a culpa de nunca ter dito: "te amo"; "preciso de
você", "estou sempre aqui", "me preocupo", e como se
não bastasse vem à frase mais forte "a culpa foi minha".
Nossos sonhos caem por terra, nossa independência parece
perder a importância.
E a resposta para essa dor? O tempo e uma certeza:
Quando amamos transmitimos em pequenos atos e gestos, e as
palavras não importam mais; quando precisamos de alguém, sentimos sua presença,
e as palavras não têm mais sentido; quando nos sentimos sós e abandonados,
surge uma palavra ou um gesto e descobrimos que nunca estaremos sós.
E a culpa? A culpa é da vida que tem inicio, meio e fim. A
nossa culpa está apenas em amar tanto e sentir tanto perder alguém.
Mas o tempo é remédio e nele conquistamos o consolo, com ele
pensamos nos bons momentos. E com um pouco mais de tempo, transformamos nossos
entes queridos em eternos companheiros.
Nossos sonhos ganham aliados, nossa independência ganha
acompanhantes, nossa vida conquista anjos. E no fim apenas a saudade e uma
certeza:
Não importa onde estejam, estarão sempre conosco.
Hoje meu pai estaria completando 70 anos. Que saudade!!!!!
Foto e texto reproduzidos do Facebook/Linha do Tempo/Tiago Morf Barreto.
Professor João Costa
Do Facebook/Linha do Tempo/Lucio Prado Dias, em 09/02/2014.
'Um mestre da gramática e da dramaturgia sergipana'.
"Fui brindado neste final de semana com um CD contendo
textos escolhidos da literatura luso-portuguesa, recitados pelo inolvidável
João Costa, combatente defensor da língua pátria. Mestre do vernáculo, um
virtuoso na arte declamatória. Obrigado, César Faro, pelo presente".
(LPD).
Foto e texto reproduzidos do Facebook/Lucio Prado Dias.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 9 de fevereiro de 2014.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Alina Paim
Acervo sobre Alina Paim:
Esta página apresenta textos sobre a escritora sergipana
Alina Paim (1919-2011) Alina Paim - Uma grande escritora esquecida pela crítica
Uma revisão histórica da literatura brasileira permite verificar que a
escritora Alina Paim, nascida em Estância a 10 de outubro de 1919, embora tenha
produzido dez romances, a saber: Estrada da liberdade (1944), Simão Dias (1949
e 1979), A sombra do patriarca (1950), A hora próxima (1955), Sol do meio dia
(1961), a trilogia de Catarina composta pelos romances: O sino e a rosa (1965),
A chave do mundo (1965) e O círculo (1965), A sétima vez (1969) e A correnteza
(1979), e quatro obras dedicadas ao público infantil, encontra-se praticamente
desconhecida.
A literatura dessa escritora sergipana centra-se na luta
feminina por melhores condições de vida, nas questões políticas, nas
discrepâncias entre a educação pública e a privada, além da situação do idoso.
Tudo é narrado considerando o contexto social e psicológico no qual as
personagens estão inseridas. Felizmente, desde 2007, essa situação começa a se
reverter e alguns pesquisadores, motivados pela pesquisa da Professora Dra. Ana
Maria Leal Cardoso, tem se dedicado a estudar a obra de Paim. Nos valeremos
desses estudos, artigos científicos na sua maioria, para compor um panorama da
obra desta valiosa escritora.
Cardoso divide a obra de Alina Paim em dois grupos. Cada
grupo parece corresponder a diferentes fases da vida da autora, considerando-se
que ela estivera desligada, por algumas vezes, do partido PC do B, para depois
tornar a ligar-se a ele. O primeiro corresponde ao realismo social e reflete o
engajamento político da romancista junto ao partido comunista: Estrada da
liberdade, A sombra do patriarca, A hora próxima, A sétima vez; o segundo
corresponde ao viés introspectivo, característico da escritura feminina: Simão
Dias, Sol do meio dia, A correnteza e a trilogia de Catarina, composta pelas
obras O sino e a rosa, A chave do mundo e O círculo. A citada professora
observa que os romances de Paim encerram universos diferentes, mas que são
melhores entendidos quando vistos como um projeto artístico no todo.
Consoante Cardoso, Elódia Xavier reforça o caráter múltiplo
da obra de Paim no artigo intitulado Alina Paim: duas faces da mesma moeda.
Esta pesquisadora revela que apesar do título do seu artigo, “para falar sobre
a obra de Alina Paim, o ideal seria apontar para as múltiplas faces da mesma
moeda”. No decorrer deste texto, Xavier ressalta o que para ela são as
principais características dos textos de Paim: a social e a existencial. Além
de Cardoso e Xavier, Rosa Gens em a Fantasia e formação ética na ficção para
crianças e jovens de Alina Paim também comenta a diversidade ideológica e
estética da escrita desta sergipana.
Uma rápida leitura dos romances Estrada da liberdade e Simão
Dias são suficientes para perceber que eles assimilam as experiências da
infância e juventude da escritora, podendo inclusive ser considerados como
obras autobiográficas, principalmente Simão Dias. Ambos têm suas narrativas
centradas nos conflitos entre uma jovem destemida que tenta romper com as
barreiras sociais em busca de um mundo mais humano.
No que concerne a ficção infanto-juvenil de Alina Paim, a
Professora Dra. Rosa Gens afirma que “a escritora sergipana Alina Paim marca-se
pela audácia. Audácia em abordar temas instigantes, audácia ao construir uma
escrita inovadora e audácia em transitar por diferentes esferas de realização
artística”.
(Texto retirado da dissertação do mestrado de Daniele
Barbosa de Souza Almeida).
Foto e texto reprodzidos do blog:
joseanafonseca.blogspot.com.br
Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 7 de fevereiro de 2014.
Calendário Homenageia Cientistas Sergipanos
Publicado por f5news, em 06/02/2014.
Calendário homenageia cientistas sergipanos
Fapitec e Segrase concretizaram o projeto
Por Tíffany Tavares.
Um projeto que homenageia 12 cientistas sergipanos. Este é o
Calendário “Cientistas de Sergipe”: uma iniciativa da Fundação de Apoio à
Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec), em parceria
com a Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe (Segrase), que foi lançada na
tarde desta quinta-feira, 06, no auditório do Museu da Gente Sergipana, em
Aracaju.
“A ideia do calendário surgiu de uma inquietação a partir de
uma pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia, demonstrando que o
interesse pela ciência no Brasil tem crescido bastante, mas, em compensação, o
conhecimento que temos dos cientistas ainda é precário”, considerou o diretor
presidente da Fapitec, José Ricardo de Santana.
Ele acrescenta que a situação em Sergipe não é diferente e a
proposta é homenagear os cientistas que tanto contribuíram para história da
consolidação da cultura científica no estado, através da produção que tiveram,
ou das políticas públicas que criaram. “Inclusive alguns órgãos importantes
para Sergipe derivaram dessas políticas públicas, como por exemplo o Instituto
Parreira Horta e o Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe
(ITPS).
Uma comissão selecionou profissionais das áreas de Exatas,
Humanas e Saúde e. no calendário, são homenageados 12 pesquisadores que se
destacaram nos séculos XIX e XX, sendo considerados como os pioneiros da
ciência em Sergipe.
Segundo o diretor presidente da Segrase, Jorge Carvalho do
Nascimento, o calendário está em sua quarta edição e nasceu no ano de 2011. “O
primeiro teve como tema ‘As Rodovias de Sergipe’, o segundo, ‘Casarões de
Aracaju’, o terceiro, ‘Artistas Plásticos de Sergipe’ e, por fim, o quarto, ‘Os
Cientistas de Sergipe’”, enumerou.
O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e da
Ciência e Tecnologia (Sedetec), Saumíneo Nascimento, afirmou que projeto
resgata a importante história dos homenageados sergipanos e que servirá como
fonte de conhecimento não só para a comunidade acadêmica, mas principalmente
para os estudantes do ensino médio e básico. “Espero que as histórias
influenciem e motivem os alunos, por tudo que os cientistas fizeram pelo nosso
estado. Nossa expectativa é que a intelectualidade sergipana se veja aqui
representada. Temos diversos outros e esperamos a continuidade desse projeto”,
disse.
Augusto César Leite, Felisbelo Freire, Fernando Porto,
Tobias Barreto, Archimedes Pereira Guimarães, Emanuel Franco, Epifânio Dória,
Antônio Tavares de Bragança, José Aloísio de Campos, Maria Thetis Nunes, Paulo
de Figueiredo Parreiras Horta e Laudelino de Oliveira Freire foram os
cientistas sergipanos homenageados.
Foto: Rafael Almeida
Imagem e texto reproduzidos do site: f5news.com.br
Gizelda Santana de Morais
Gizelda Santana de Morais nasceu no município de Campo do
Brito em Sergipe no ano de 1939, sendo filha de Antônio Dórea Morais e Maria
Pureza Morais. Aprendeu a ler na cidade de Tobias Barreto através de
literaturas de cordel que ela sempre comprava numa feira em que havia um senhor
que tinha uma banca que vendia os livretos. A partir daí, ela passou a ler
Romances e poesias, tornando para ela um hábito a partir dos 8 e 9 anos. Seus
primeiros poemas foram escritos, primeiramente, quando ela tinha 12 anos.
Estudou o Ensino Fundamental e Médio no Estado em que nasceu, fez o ginásio no
Colégio Nossa Senhora de Lourdes, e lá a chamavam para fazer poesias. Porém,
ela afirma que poesia por encomenda não é muito bom, mas só é bom quando temos
vontade para fazer. Ao estudar no Colégio Estadual Tobias Barreto, ela mantinha
algumas colunas em jornais como A Gazeta de Sergipe, Correio. E nessa época,
estudando ainda no Colégio Estadual Tobias Barreto é quando o Movimento
Cultural de Sergipe publicou o seu primeiro livro de poesias. Depois cursou
Filosofia em Belo Horizonte, e, posteriormente, se foi morar em Salvador,
concluindo o Curso de Filosofia e também Psicologia. Mestrado em Psicologia na
USP. Mais a frente cursou o Doutorado e Pós-Doutorado na França. É membro da
Academia Sergipana de Letras.
Trabalhou como professora na Universidade Federal de Sergipe,
Bahia, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, além de ter sido participante de
movimentos culturais, sendo secretária regional e conselheira em órgãos
nacionais como CFE, CNPq, CAPES, INEP e SBPC, além de ter lecionado na
Universidade de Nice, na França.
Seu primeiro livro com poesias, Rosa do Tempo, fora
publicado quando a autora tinha apenas 18 anos de idade, sendo publicado pelo
Movimento Cultural de Sergipe (MCS). Sendo uma das criadoras do Clube Sergipano
de Poesia.
No ano de 1959, ao ter participado do Concurso Universitário
de Poesia em Belo Horizonte, teve a colocação de primeiro lugar.
Quando a sua dedicação aos Romances, isso só ocorreu de
forma mais intensa quando ela se aposentara.
Quanto aos seus Romances, Ibiradiô: As várias faces da moeda,
e Preparem os Agogôs, a autora afirma que ambos os livros tratam da história de
Sergipe. O primeiro do extermínio dos índios; o segundo das relações entre
escravos e senhores de engenho. E estes livros para a autora são considerados
históricos e uma dívida que ela tinha com essas temáticas.
O intuito dela ter escrito o Romance Preparem os Agogôs
seria para que a sociedade sergipana tomasse consciência da miscigenação, bem
como a contribuição dos índios e dos negros com relação à cultura brasileira...
Foto e texto reproduzidos do blog:
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Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 7 de fevereiro de 2014.
Mário Jorge de Menezes Vieira.
Mário Jorge de Menezes Vieira.
Biografia
Mário Jorge de Menezes Vieira nasceu em Aracaju (Sergipe) em
23 de novembro de 1946, falecendo na mesma cidade num acidente automobilístico
em 11 de janeiro de 1973. Começou o Curso de Direito na Faculdade de Direito de
Sergipe (hoje UFS) em 1966, e, posteriormente, mudou-se para São Paulo, para
cursar nessa metrópole o Curso de Ciências Sociais, mas sem conseguir concluir.
Foi militante do movimento estudantil na década de 60, durante o período da
Ditadura Militar no Brasil, sendo preso em 1968 e respondendo a alguns
processos por conta das suas atividades consideradas como subversivas perante o
governo da época, e absolvido em 1972.
No ano de 1968, Mário Jorge publicou o seu primeiro e único
livro em vida, Revolição (em formato de envelope). Além, deste o poeta também
publicou poemas e artigos em jornais e revistas de Sergipe, sendo também editor
de um jornal chamado Toke, bem como o envolvimento na produção de alguns filmes
e participação em alguns festivais de músicas, e colaboração em peças de
teatro.
Quanto à produção literária de Mário Jorge, nota-se a
influência das Poesias de Vanguarda, destacando-se mais a poesia concretista,
práxis, social e marginal, e influências da Tropicália. E o contexto dos seus
poemas retrata temas semelhantes do Futurismo, com tons líricos, agressivos,
experimentais, e de ideias, que sem dúvida são radicais para quem os lê.
Nos poemas desse importante autor sergipano são notados
também um caráter de denúncia social como os problemas durante o Regime Militar
no Brasil, e a influência de protestos Hippies como os do período da Guerra do
Vietnã. Eis o porquê de sua obra ter sido considerada subversiva...
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Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 7 de fevereiro de 2014.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Animação com Sílvio Romero
Sílvio Romero.
Curta em animação com Sílvio Romero produzido para o Museu
da Gente Sergipana.
Direção André Wissenbach, Edição e animação Adriana Pedrosa,
Direção geral Marcello Dantas, Roteiro Silvia Albertini, sonorização Dan
Zimmerman.
Enviado ao YouTube por archimidia, em 11.08.2012.
Homenagem de Edidelson Silva a Marcelo Déda (1960 - 2013)
Homenagem de Edidelson Silva a Marcelo Déda.
Publicada originalmente em 3 de dezembro/2013.
Reproduzida do Facebook/Linha do Tempo/Edidelson Silva.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Epifânio Dória.
Publicado pela Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 03/09/2004.
Epifânio Dória.
Mais do que organizar instituições de cultura – Biblioteca
Pública, Arquivo Público, Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, Arquivo
da Maçonaria - catalogando acervos, documentar a vida sergipana, defender o
porte gratuito para a circulação nacional de livros, revistas e jornais,
Epifânio Dória tinha a noção exata do papel das bibliotecas nas sociedades.
como sabia fazer a crítica, com textos claros: “Com pesar, entretanto, venho
notando que os homens de Governo, em geral, relegam as bibliotecas a um plano
muito secundário, como se elas não desempenhassem o papel relevante que
desempenham na obra da civilização.” A constatação, feita há quase 90 anos (em
1915) guarda a triste atualidade e pode ser novamente citada, para fixar, no
tempo, o descaso e seus múltiplos e perniciosos efeitos.
As civilizações ágrafes têm na memória a base de suas
culturas. Há uma partilha universalizada, como coubesse a cada um membro
comunitário um quinhão de conhecimento e de sabedoria. As sociedades letradas,
ao contrário, são seletivas, fazendo dos mais diferentes suportes – livros,
revistas, jornais, outras publicações – o lastro comum, ao qual todos devem
acorrer, na luta da aprendizagem. Considerando as altas taxas de analfabetismo,
e os baixos índices de leituras, não surpreende que a ignorância campeie solta,
renegando ao esquecimento parte da vida construída no cotidiano das pessoas e
dos grupos sociais.
Mesmo tendo vivido longamente, 92 anos (nasceu em 1884,
morreu em 1976), e ocupado posições destacadas como jornalista, pesquisador, e
especialmente documentarista, Epifânio Dória não tem seus méritos exaltados e
sequer é bem lembrado pelos sergipanos. Suas colunas de Efemérides Sergipanas,
ajudando a construir biografias com informações preciosas, selecionadas por uma
pesquisa cuidadosa, amarelaram nas páginas dos jornais, ou se perderam com
eles, inapelavelmente. Seus Catálogos, organizados em cada uma das instituições
a que serviu, foi abandonado, sem que houvesse melhoria na localização dos
textos para a pesquisa. Seu zelo pelo levantamento de dados pessoais de vultos
sergipanos, residentes no Estado ou fora dele, não fez escola, não deixou
discípulos, ainda que fosse um dos mais eficazes meios de guardar memória.
Epifânio Dória não é exemplo único na galeria dos
esquecidos. Clodomir Silva, que viveu apenas 40 anos, mas que foi professor,
folclorista, jornalista e político, autor do monumental Álbum de Sergipe, que
nem tem seu nome, e de Minha Gente, recentemente reeditado pela Funcaju, é
outro injustiçado. Nem os professores e alunos do velho Atheneu, onde ele fez
brilhar a sua inteligência, sabem dele. É comprida a lista dos intelectuais que
mesmo deixando obras importantes, não são lembrados hoje. Nomes como os de
Carvalho Neto, Manoel dos Passos de Oliveira Teles, Florentino Menezes, Prado
Sampaio, Elias Montalvão, Carvalho Lima Júnior, Magalhães Carneiro, Ávila Lima,
Costa filho, Freire Ribeiro, Artur Fortes, estão mergulhados, com tantos
outros, nas brumas do esquecimento. O desmemoriamento das populações não tem
medida, como se pode observar nos resultados de uma enquete, feita pelo Portal
InfoNet, a respeito de Epifânio Dória.
A InfoNet perguntou qual era a profissão de Epifânio Dória e
sugeriu a múltipla escolha: Advogado, Engenheiro, Médico, Documentarista. O
resultado foi o seguinte: Advogado – 40,96%, Engenheiro – 28,92%, Médico –
13,25% e Documentarista – 16,87%. Ou seja, 83,13% desconhecem a formação
profissional do velho bibliófilo, apenas 16,87% souberam responder qual era a
verdadeira profissão de Epifânio Dória.
O resultado encerra um eloquente exemplo de desconhecimento
cultural. Afinal, Epifânio Dória morreu há menos de 30 anos, depois de exercer
enorme presença na vida sergipana, e de ter seu nome fixado na fachada da
Biblioteca Pública, com PH e tudo, que é uma casa bem frequentada pelas
gerações de estudantes. A despretensiosa enquete da InfoNet termina por
preocupar ainda mais os que se esforçam, por todos os modos, para adornar
Sergipe com a arte e a cultura dos seus filhos.
Em Sergipe algumas entidades culturais mantém vivos nomes
consagrados da literatura, da história, da cultura em geral. São exemplos o
Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, fundado em 1912, a Academia
Sergipana de Letras, fundada em 1929, que se mantém vivas, driblando todas as
dificuldades. As escolas, das diversas redes, tratam muito pouco das coisas
locais, ainda que existam duas disciplinas – Sociedade e Cultura, para o Ensino
Fundamental, e Cultura Sergipana, para o Nível Médio – como veículos de
circulação de conhecimento sergipano.
A Universidade Federal de Sergipe tem, atualmente, muita
gente pesquisando e escrevendo monografias, dissertações, teses, livros com
temática ambientada no cenário sergipano. As outras ainda não galgaram a mesma
posição da UFS, tendo o local como um acessório. Falta, ainda, um Guia de
Fontes, para orientar os estudos e incorporar a bibliografia produzida ao longo
do tempo.
É claro que o quadro já foi pior. Houve tempo que poucos
ousavam falar em literatura, em arte e em cultura sergipana. Os olhos, os
ouvidos e os aplausos estavam fixos na cultura importada, fosse de onde fosse,
enfeitada como gênero de primeira necessidade e de inquestionável qualidade. O
tempo tem ensinado que as coisas não funcionam bem assim. Sergipe já tem
quadros intelectuais, aqui residentes, que romperam as fronteiras e levaram
seus nomes para convívios nacionais e internacionais. A máxima (ou praga) de
que Santo de casa não faz milagres não pode prosperar entre os mais jovens,
para não afetar a auto estima, essa propriedade de valorização do que é próprio,
que deve ser estimulada.
Quem vence a ignorância é a cultura, a começar pela
informação, pela ampliação do conhecimento, pela reflexão do saber. Saber da
profissão de um intelectual, como Epifânio Dória, é importante, porque ele
escolheu para exercer, uma atividade sensível, de preservar bens de cultura que
devem ser utilizados pela sociedade.
Fonte "Pesquise - Pesquisa de Sergipe/InfoNet".
institutotobiasbarreto@infonet.com.br.
Texto e foto reproduzidos do site:
infonet.com.br/luisantoniobarreto
Professora Áurea Zamor de Melo (1906 - 2010)
Publicado pelo Portal Infonet - Blog Odilon Cabral -
11/11/2010
Simplesmente; Zamor.
E Zamor, para mim, homem do povo, enquanto “voz do povo e
voz de Deus”, conquistou o próprio céu, apossando-se da imortalidade, como
feito próprio, e exclusivo mérito.
Nascida em 10 de março de 1906, faleceu esta semana a
Professora Áurea (Zamor) de Melo. Findou uma existência plena, 103 anos,
exemplo de virtude, dedicação e carinho à causa da educação em Sergipe.
O tempo, que tudo erode, rói e desbasta, parecia ter parado
para a Professora Zamor.
Parecia que nada a desfigurava, enquanto mulher frágil,
franzina, miúda, imutável pelos dias, anos e décadas. O rosto era o mesmo, o
corpo também, a agilidade sutil do pensamento; inalterável.
Aos que não vêem o essencial, o importante, Zamor desde
jovem, se é que a posso ver assim, cinquenta anos passados, parecia uma espécie
de espiga mirrada, que se faria despercebida, não fosse o seu talento, a sua
capacidade de servir e trabalhar, o seu caráter firme e o seu despretensioso
agir e amar.
Ninguém poderá vê-la diferente, em passos largos e firmes,
abraçada inseparavelmente a sua pasta de anotações e estudos, uma pasta presa
sob um dos braços que sobressaia o seu caminhar único, inimitável na minha
memória.
Um andar peregrino que, em ritmado acompanhamento da marcha,
exibia uma oscilação transversal do tronco, amorável, conciliador, aconchegante
no seu jeito simples, de ser Zamor, simplesmente.
Porque Áurea Melo não fora importante em honras e poder, mas
adquirira o poder de se fazer apaixonar e se fazer bem querida e muito honrada
como Zamor, corruptela do apelido familiar de “Meus Amor”.
Zamor que virou nome de escola; duas, é o que me parece, uma
Municipal de Aracaju e outra Estadual, homenageada por seus alunos, enquanto
mandatários de Sergipe e de sua cidade Capital.
Zamor, filha de um negociante do Aquidabã, Felício Dias Melo
e de uma professora, Maria do São José de Melo, colho-o no trabalho momentoso
de Osmário Santos, perpetuando a nossa sergipanidade, Zamor que fora uma das
seis irmãs professoras entre nove filhas de sua mãe professora.
Zamor que não foi minha professora como o fora Normélia
Melo, sua irmã, minha inesquecível mestra de Matemática e Geografia no Colégio
Jackson de Figueiredo, ginásio do casal Benedito e Judite Oliveira.
Zamor que me argüira português no Exame de Admissão ao
Ginásio daquele colégio. E que ficara na minha memória pela dicção precisa
tornando fácil o ditado para aqueles meninos de dez, onze anos, saídos dos
Cursos Primários, como eu que provinha do Colégio Brasília das Professoras
Helena Barreto, Alaíde e Lourdinha Oliveira.
Zamor, repito, ditando compassada e claramente o tema
sorteado; “O meu cofre.” Escuto-a, ainda, em eco reverberante na minha alma, a
sua preocupação com a pronúncia das vogais, sem ensejar dúvidas em grafias e
ortografias: ‘Ô meu côfre. Como era bónito ô meu côfre!’
Coisas simples que permanecem nos alunos como uma benfazeja
passagem dos mestres pela vida. Saudade que plenifica o nosso ser e nos
acrescenta em felicidade na caminhada do existir. Mensagem bem semeada e
frutificada, que por si somente dessedenta nossas carências infinitas de
imortalidade, afinal tudo é mortal, finito, limitado, na natureza, só a espécie
pode gozar de uma permanência maior, e relativa, no existir.
E nessa existência única, Zamor ao lado da docência em
História e Português, também fora Contadora - Guarda-Livros, atuando em
diversos órgãos da administração pública municipal e estadual, servindo com
eficiência, correção e zelo, como sói os servidores públicos deveriam ser por
missão e sacerdócio.
Mas, a despeito de seus vários misteres, como mestra,
administradora pública e líder sindical dos professores, a Professora Zamor era
também uma mulher cosmopolita, universal, aberta às idéias, apreciadora da
paisagem próxima e longínqua; uma pesquisadora notável em antropologia e
humanidades. Era uma peregrina, mundo afora, uma espécie de Marco Pólo,
conhecendo os continentes e os quadrantes do mundo. Alguém que conferia
pessoalmente a realidade do Atlas, em meridianos e azimutes, em olhar sempre
ávido de novas descobertas.
Descobertas que não amainava o telúrico amor a sua terra e
as angústias de seu povo, idealizando e pondo em prática uma escola para
lavadores de automóveis, entre tantas dedicações à gente humilde, gente que
nunca fora esquecida pela mestra pequenina, a professora Zamor.
Mas, a despeito de tudo isso que por si só já satisfaria a
perspectiva existencialista e materialista, da vida e do ser, satisfação
surgida também pela compensação e extensão da espécie humana em maior
longevidade, - cento e três anos de vida é um fato notável! - na fugacidade dos
apressamentos racionais, que recusam e afastam o transcendente pouco coerente,
tão assintótico quanto próximo ao irracional, aos homens e mulheres como Zamor,
fica-lhes concedida a imortalidade que não é dom, mas se obtém por conquista.
E Zamor, para mim, homem do povo, enquanto “voz do povo e
voz de Deus”, conquistou o próprio céu, apossando-se da imortalidade, como
feito próprio, e exclusivo mérito.
Um valor doado pelo próprio Deus, já em vida, só a aqueles
seus muito amados.
E quando estivermos olhando o céu no azul gasoso das massas
atmosféricas em resposta à luz, lembremos que para além deste céu há uma nova
santa, pequenina como Santa Terezinha do Menino Jesus. É Zamor que de lá está
rezando e nos protegendo, todos seus amigos, alunos, admiradores que aqui
restamos nos nossos caminhos duvidosos, hoje infelizes por sua partida.
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/odilonmachado
Foto reproduzida do site: educar-se.com
Tributo a José Moreira Matos
José Moreira Matos ( de pé), na sala de aula da Faculdade de Medicina,
em 1963. Ao fundo, à direita, Jairo Fontes Sampaio
Publicado por Infonet - Blog Lúcio Prado - 19/10/2012
Tributo a José Moreira Matos
Faleceu no mês passado na cidade do Rio de Janeiro, onde
residia, José Moreira Matos. Ao lado de Jairo Fontes Sampaio, Moreira foi peça i mportante para a fundação da Faculdade de Medicina de
Sergipe, que teve em Antonio Garcia a liderança maior. Como estudantes
secundaristas, deram grande contribuição para que a escola se tornasse uma
realidade, atuando como líderes e facilitadores nos vários processos
burocráticos necessários para a organização da faculdade.
Apesar da destacada
atuação, eles não foram aprovados no primeiro vestibular, não lhes cabendo
portanto a primazia de pertencer à primeira turma. Porém isso não foi o fato
mais triste.
Aprovados no ano
seguinte, em 1962, não conseguiram fazer o curso em Aracaju, por razões
diferentes. Jairo, funcionário da LBA, foi transferido para o Rio de Janeiro e
lá concluiu o seu curso, especializando-se em anestesiologia, atuando e
residindo em Niterói ainda hoje.
José Moreira de
Matos, infelizmente, teve menor sorte. Escriturário do IPASE - Instituto de
Previdência e Assistência aos Servidores da União em Sergipe, era um
tradicional militante do Partido Comunista Brasileiro – PCB - e com o golpe de
1964 passou a ser perseguido pela ditadura militar, vindo a perder o emprego,
trancar a matrícula na faculdade e em determinado momento, cair na
clandestinidade.
Para Eduardo
Antonio Conde Garcia, ex-reitor da UFS e membro da Academia Sergipana de
Medicina, em Antonio Garcia Filho e a Faculdade de Medicina de Sergipe –
Criador e Criatura ( Sercore Artes Gráficas, Aracaju, 2008), “...por conta de
tais atropelos, (Moreira) não concluiu o curso médico. Quando a ordem
democrática foi restaurada, ele foi trabalhar como laboratorista em um hospital
na cidade do Rio do Janeiro, onde já se encontrava naquele momento”.
O trabalho dos dois
estudantes foi tão importante que seus nomes foram gravados na placa de bronze
comemorativa da inauguração da Faculdade, em 1961, e que se encontra ainda hoje
na sala da diretoria da entidade, localizada no Campus da Saúde da UFS em
Aracaju.
Consolidado o golpe
de 1964, Moreira teve que sair às pressas de Aracaju e, tendo como companheiro
de fuga o antigo funcionário da Petrobrás Milton Coelho, permaneceu clandestino
por quase uma semana em um sítio de propriedade do ferroviário Mané de
Chimbinha, casado com Petrina, irmã de Moreira, no povoado Portinhos, município
de Socorro, Sergipe.
Conta Milton
Coelho, em depoimento emocionado que me chegou ao conhecimento através do
confrade Fedro Portugal: “ Chegamos depois de longa e penosa caminhada noturna
saindo do bairro Industrial, percorrendo locais e itinerário desconhecidos por
nós dois. Para tentar descobrir o caminho em direção ao povoado Portinhos,
Moreira batia palmas em frente às moradias fechadas e pela prática de morador
do interior, tinha que falar o prefixo, como diria Luiz Gonzaga, "sou de
paz, por onde devo seguir para o povoado Portinhos” ? E os moradores, sem abrir
a porta, orientavam para seguirmos em frente e dobrar ali... Depois do
cansativo percurso, chegamos finalmente ao sítio de Mané de Chimbinha”.
Moreira e Milton
pretendiam ficar nesse local até conseguir um transporte seguro para outro
estado da federação. Antes que completasse uma semana no esconderijo, eles
foram surpreendidos por um destacamento formado pelos sargentos do exército
Manoel Messias Siqueira e Williams de Oliveira Menezes, lotados na antiga 19a
CSM. No momento da abordagem, Moreira não estava com Milton, que foi detido e
levado para Aracaju.
Segundo relato de Milton, os militares imaginavam que seu
companheiro naquele momento era o destacado líder comunista Agonalto Pacheco, à
época muito procurado e que foi identificado erroneamente numa fotografia por
moradores da região. De fato, Moreira e Agonalto eram fisicamente parecidos,
ambos altos, magros, morenos e com bigode.
O curioso ainda na
história é que o sargento William era estudante da primeira turma da nossa
Faculdade de Medicina, a mesma que Moreira cursava e portanto se conheciam bem.
Enquanto o sargento Manoel Messias, acompanhado do cabo Pedro, tentava
localizar o subversivo fugitivo, William ficou na guarda de Milton e então este
lhe falou, sabendo que os dois eram colegas de faculdade, que Agonalto era, na
verdade, Moreira, tentando obter daquele uma facilidade qualquer para proteger
o companheiro.
As buscas pelo suposto
Agonalto foram suspensas. Segundo Milton, Moreira ficou escondido entre os
arbustos do mangue, mas todos os seus documentos foram recolhidos pelos
militares, sendo desfeito assim o engano. Na mesma noite, ele retornou em
caminhada para Aracaju, ficando escondido na casa de uma irmã. De lá, foi para
Nossa Senhora da Glória e, um ano após, transferiu-se definitivamente para o
Rio de Janeiro, ficando na clandestinidade sob a proteção do aparelho
comunista; com a redemocratização do país, trabalhou na Caixa Econômica e na
Secretaria de Estado da Saúde, como laboratorista, não conseguindo concluir o
tão almejado curso de Medicina.
O sargento Williams
concluiu o curso de medicina em 1966, exercendo a urologia como especialidade,
tendo no exército se reformado, posteriormente, na patente de coronel. Morreu
de câncer em 2005.
Na noite da nossa
narrativa, Milton Coelho chegou na 19ª CSM, em Aracaju, escoltado pelos
militares, quando passou por interrogatório, sendo liberado na madrugada,
ficando marcada assim na história a primeira prisão do militante pela ditadura
de 1964. Outras vieram em seguida, com maiores e mais graves consequências...
Texto e foto reproduzidos do site: infonet.com.br/lucioprado
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