Publicado em 10 de março de 2004 por IMD Instituto Marcelo
Déda.
Vida e obra
Correndo nas veias o sangue de José Nunes da Silva, operário
gráfico e líder sindical entre as décadas de 20 e 50 e início da década de 60,
e da professora Júlia Canna Brasil e Silva, Célio Nunes nasce num ambiente de
militância política acariciado pelo universo das letras.
Na adolescência, estudante do Atheneu Sergipense, ingressa
na União da Juventude Comunista, tornando-se na década de 50 dirigente do
Partido Comunista Brasileiro, o Partidão. “Na fase da adolescência firmei o
desejo, a aspiração der ser jornalista, escritor. É o que fui, e continuei
sendo e vou morrer sendo, exercendo principalmente o jornalismo, profissão que
adotei e sobrevivi com ela”, diz Célio.
Durante o período de 13 anos viveu na Bahia, onde trabalhou
no jornal Tribuna da Bahia, Salvador, além de outros da região, mantendo sua
vida de militância política e cultural junto com o irmão jornalista Hélio
Nunes. Em Itabuna, tinha um grupo de teatro e literatura que irradiava cultura
a sociedade, quando em 64 foi preso e seu irmão perdeu a gráfica,
desestruturando toda a família. “Não sofri tortura física, apenas psicológica,
traumática até certo ponto, mas já estava preparado”, diz.
“Em Itabuna publiquei meus primeiros livros, e minha vocação
desde o início era ser ficcionista, tanto que a área que gosto mais e pratico é
a ficção através do conto, histórias curtas”, ressalta o escritor que não se
prende a estilos e busca, nas reminiscências da infância os personagens de seus
contos.
De volta a Aracaju, dá continuidade às suas atividades
essenciais e prazerosas: política, sindicalismo, fundando nesse período o
Sindicato dos Jornalistas, do qual foi presidente por duas vezes. Junto com
José Eugênio de Jesus começou a exigir a regulamentação da profissão, a
incentivar o curso de jornalismo e registrar pessoas que já praticavam a
profissão. “Gerou muita polêmica, mas dei a minha contribuição ao sindicalismo.
Também fui diretor da Federação Nacional de Jornalistas e presidente da
Associação Sergipana de Imprensa”, ressalta Célio Nunes.
Na Gazeta de Sergipe foi redator, no Jornal da Cidade
redator e editor, e no Jornal da Manhã atuou nas três funções: redator, editor
e diretor. Editando o caderno de cultura Arte e Palavra, no JM durante três
anos, marcou história e hoje serve de fonte de pesquisa cultural, segundo suas
próprias palavras, deixando transparecer saudosismo do tempo em que o
suplemento cultural era direcionado aos meios intelectuais de todo o Brasil.
“Foi uma das realizações mais gratificantes que o jornalismo me proporcionou e
pelo qual me responsabilizei”, declara.
Hoje o homenageado atua como colaborador do jornal Cinform,
não retornando à atividade diária das redações, permanecendo em casa praticando
suas preferidas atividades: ler e escrever contos. “Nesse tempo de recolhimento,
fico escrevendo e lendo, pois são as coisas que mais gosto de fazer. Tenho três
livros escritos, inéditos, um de crônica e dois de ficção”, declara, passando o
olhar sobre O Diário de J. W. e outras histórias, no qual, em um dos contos
deixa que o leitor escolha o seu final, disponibilizando cinco alternativas à
imaginação e conclusão de cada um.
Fonte: institutomarcelodeda.com.br
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