Nascida em 03 de abril de 1904 em Aracaju, a filha de
operários Maria Rita Soares de Andrade foi a primeira mulher nomeada Juíza
Federal no Brasil. Formou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia em
1926, apenas a terceira no estado a conseguir o feito, atuando como advogada
tanto na capital baiana como em Aracaju. Foi membro do Ministério Público e do
Conselho Penal e Penitenciário, professora de literatura no Colégio Atheneu
Sergipense e de Direito Comercial na Escola do Comércio, além de ter funcionado
ad hoc como Procurador da República e Procurador Geral do Estado. Teve atuação
de destaque no movimento feminista ao lado de Bertha Lutz. Numa CPI para
investigar a situação da mulher ocorrida na década de 70, ela falou de
improviso citando pessoas, datas e narrando acontecimentos relacionados com a
história da liberação da mulher brasileira com uma precisão que impressionou a
todos (três senadores e três deputados, alguns jornalistas e curiosos) que
assistiram ao seu depoimento. Ao final da palestra, quando o senador Heitor
Dias (Arena-BA) afirmou que não havia mais discriminação contra a mulher, tanto
que o homem geralmente a coloca “num altar”, Maria Rita interrompeu-o com um
sonoro “discordo” esclarecendo que “é justamente esta história de colocar a
mulher num altar, que vem nos desgraçando”. Faleceu em 1998 aos 94 anos de
idade na cidade do Rio de Janeiro onde atuava como advogada após sua
aposentadoria compulsória do cargo de Juíza Federal, exercendo a magistratura
como titular da 4ª Vara Federal. Apesar do alto grau de renome e importância
alcançado por ela na magistratura brasileira, infelizmente Maria Rita é mais
uma de muitas ilustres desconhecidas em sua própria terra.
Texto e imagem reproduzidos do blog: habeasmentem.wordpress.com
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