Publicado pelo Blog Lampião Aceso 29 de janeiro de 2014.
Homenagem:
40 Anos sem Zózimo Lima.
Por Antônio Corrêa Sobrinho
Todos os relatos históricos sobre a visita de Lampião, na
noite do dia 25 de novembro de 1929, à cidade de Capela, Sergipe, terra a 67 km
da capital Aracaju, referem-se a Zózimo Lima, como o encarregado dos Correios e
Telégrafos desta cidade e a pessoa que esteve com o famoso e temível cangaceiro
Lampião.
Muitos desconhecem, porém, que este mesmo Zózimo Lima, um
simples protagonista de um grande momento do Cangaço: a marcante presença, pela
vez primeira, do bandoleiro-mor das caatingas nordestinas, à zona da mata
sergipana, aos tabuleiros da Capela, exitosa visita, pois lucrativa e
conseguida sem maiores esforços, sem derramamento de sangue, numa quase festa,
numa quase apoteose - foi um grande homem de letras, escritor e jornalista
renomado.
Zózimo Lima, este mesmo homem que esteve efetivamente à
mercê do instinto e da razão do grande saqueador, que viu a sua vida sob um
fio, e aquele punhal assassino a lhe espreitar, a visitar com o bandoleiro
lojas e residências da sua própria cidade-berço, naquela inesquecível noite de
novembro de 1929, além de telegrafista concursado, era, sobretudo, um dos
notáveis jornalistas sergipanos, com vasta experiência na imprensa paulista,
onde foi revisor no “Correio Paulistano”, e repórter e colunista da “Tribuna”
de Santos. Em Uberaba, Minas Gerais, foi correspondente do citado diário
santista, e escreveu no “Jornal do Comércio” e no “A Lavoura”. Na década de 30
escreveu para o “Diário de Noticias” e “O Imparcial”, de Salvador.
Em Aracaju, foi correspondente da “A Tarde” da Bahia, e
cronista do “Correio de Aracaju” e da “Gazeta de Sergipe”, respectivamente, de
1928 a 1974, período em que escreveu mais de 4 mil crônicas, na sua famosa
coluna “Variações em Fá Sustenido”. Escreveu Zózimo Lima para a revista da
Associação Sergipana de imprensa e para a da Academia Sergipana de Letras,
instituições em que foi membro e a ambas presidiu. Zózimo Lima, como servidor
dos Correios e Telégrafos, foi seu presidente na década de 1960.
No final de sua brilhante carreira jornalística, em maio de
1971, foi agraciado pela Associação Brasileira de Imprensa, com a “Medalha do
Mérito Jornalístico”, conferida a brasileiros e estrangeiros que se distinguem
por méritos jornalísticos sobremodo reconhecidos. Zózimo, que continua sendo um
dos maiores cronistas de todos os tempos da imprensa sergipana. No próximo dia
19 de janeiro, completa 40 anos do seu falecimento, ele que nascera em 4 de
abril de 1899.
Já estava por esquecer que, no dia 29 de novembro de 1929, o
"Correio de Aracaju" publicou a reportagem escrita pelo próprio
Zózimo, "Lampião em Capela, com o subtítulo - Informações interessantes
colhidas pelo correspondente do "Correio" - a atitude digna do
intendente Antão Corrêa - Lampião acha que a vida do cangaço é bem divertida -
outras notas. Texto referência quando se quer dizer deste grande acontecimento
que foi a ataque de Lampião a Capela, e que Zózimo, com certa frequência em
suas muitas crônicas fez registrado aquele momento em que compartilhou
experiências com o grande bandoleiro das adustas terras nordestinas.
Ao seu filho remanescente, Zózimo Lima Filho, dedico esta
lembrança.
[Postado por Kiko Monteiro no blog Lampião Aceso].
Foto e texto reproduzidos do blog:
lampiaoaceso.blogspot.com.br
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE.
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